População agroextrativista


A população agroextrativista da Flona Caxiuanã nela reside há várias gerações. As famílias conservam no seu modo de vida alguns costumes herdados de seus antepassados, ao mesmo tempo que mantêm um contato freqüente com a cidade para venda e compra de produtos, atendimento médico, recebimento de benefícios sociais (aposentadoria, bolsa-família).

O levantamento sócio econômico realizado em 2005 pela equipe da Flona Caxiuanã e do NUC/SUPES-IBAMA-PA revelou a existência de 68 famílias em seu interior, totalizando em torno de 450 pessoas, distribuídas em 5 comunidades - Pedreira, Laranjal, Caxiuanã, Cariatuba e Pracupi.

Serviços básicos
. Todas as comunidades possuem escola de 1ª a 4ª série e, em 2007, foi iniciado o módulo de 5ª a 8ª série nas comunidades Caxiuanã e Pedreira. Carecem, porém, de posto de saúde, necessitando viajar de 4 a 6 horas até a sede do município mais 'próximo' (Portel ou Senador José Porfírio, dependendo da comunidade) quando necessário.
Subsistência. O roçado, os quintais, os rios e a floresta são importantes fontes dos alimentos, medicamentos e matéria-prima para artesanato utilizados por essas famílias, a maioria desses para o seu auto-consumo. A geração de renda concentra-se em poucos produtos, tendo a farinha de mandioca se mostrado como o principal produto destinado à comercialização, seguida pela castanha-do-pará e o açaí. Alguns utilizam barco a motor próprio para comercializar sua produção no centro urbano de Portel, mas ainda há os que dependem do regatão (intermediário) para vender ou trocar seus produtos por gêneros industrializados - principalmente charque, feijão, açúcar, café e óleo de cozinha.
Roçado de mandioca com floresta secundária ao fundo
Crédito:
ICMBio - cc - Alguns direitos reservados

As outras culturas, plantadas no roçado em consórcio com a mandioca - como o milho, a banana, a melancia, a cana-de-açúcar e o feijão -, são destinadas principalmente para o consumo da própria família. Em seus quintais é possível encontrar algumas árvores frutíferas e pequenos animais - principalmente galinhas e patos - e nos jiraus (hortas suspensas), plantas medicinais e ervas aromáticas.

Para a pesca de subsistência utilizam-se da malhadeira, da zagaia, do espinhel, da linha de mão. Dentre as espécies de peixe mais consumidas destacam-se o tucunaré, a caratinga, o filhote, o mapará e a pescada.

Da mata, além da castanha-do-pará e do açaí, extraem uma diversidade de frutas - como cupuaçu, bacuri, bacaba, tucumã, inajá, pequiá, uxi, umari - e fibras para artesanato. Alguns moradores detêm o conhecimento e a habilidade de coletar compostos medicinais - como a resina da copaíba e sementes de andiroba para extração do óleo.

Na comunidade de Caxiuanã, uma considerável parte da população trabalha na Estação Científica Ferreira Penna como auxiliares de campo e na manutenção da Estação.
Organização. Três das comunidades do interior estão organizadas em duas associações - ATAC (Associação dos Trabalhadores Agroextrativistas de Caxiuanã) e AGROPEL (Associação dos Agroextrativistas de Pedreira e Laranjal) - fundadas em 2002 e registradas em cartório em 2007. A ATAC vem administrando uma cantina comunitária desde 2007, o que vem auxiliando na diminuição da dependência do regatão. Em 2008, iniciou-se um processo de estímulo ao associativismo na comunidade do Pracupi, na qual há previsão de formalização de 2 associações em 2009.
Produtos da Cantina Comunitária da ATAC
Crédito: ICMBio - cc - Alguns direitos reservados

Creative Commons License
As imagens deste blog estão licenciadas sob a Licença Creative Commons "Atribuição-Uso não-comercial-Compartilhamento pela mesma licença" (exceto quando outra fonte, que não este blog, é especificada abaixo da foto)

Nenhum comentário: